terça-feira, 17 de maio de 2016

O SEMINARISTA

Resenha por Mara Carvalho

Título:  O Seminarista
Autor:  Bernardo Guimarães
1ª publicação: 1872
Editora: Martin Claret
Páginas: 252

Apreciação:  5/5

Resenha:


Bernardo Guimarães, escritor mineiro, patrono da cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras, e cadeira nº 15 da Academia Mineira de Letras. Seu livro mais famoso é “A Escrava Isaura”.

Escreveu “O Seminarista” em 1872, que rendeu ao autor do romance uma certa popularidade.

O livro é narrado em 3ª pessoa, mas em alguns momentos passa a falar em 1ª pessoa com o leitor.

O livro conta a história de Eugênio, filho de um fazendeiro de Minas Gerais, Capitão Francisco Antunes e da Senhora Antunes.

Na fazenda do Capitão viviam alguns agregados em casas cedidas, D. Umbelina era viúva de um amigo do Capitão, o Alferes. Após ficar viúva e, com uma filha bebê para criar, o capitão a toma como agregada.

Margarida, filha de D. Umbelina era mais nova que Eugênio apenas 1 ano. Os dois foram criados juntos, brincando e correndo para todo lado da fazenda, com toda alegria, liberdade e inocência. Os anos foram passando e os dois não se desgrudavam.

As crianças sabiam, desde sempre, que o menino seria padre quando crescesse. Os pais de Eugênio sonhavam com este momento e até mandaram fazer para a pequena criança as vestes de padre.

Aos 9 anos de idade Eugênio vai para a Vila para estudar. Anos mais tarde vai para Congonhas do Campo, para o Seminário. Estava traçado aí o seu destino.

Entretanto, o coração do jovem sempre bateu mais forte por Margarida, e ele descobre este amor, começa aí a sua luta interior. O sacerdócio, agradando aos pais ou o amor de Margarida, agradando a seu coração?

O personagem Margarida ora é percebido como um anjo aos olhos de Eugênio, ora como um demônio que vem para desvirtuar seu caminho.

O tratamento aplicado pelos padres ao jovem seminarista: “Como remédio prático para combater a tentação, recomendou-lhe que se desse a trabalhos incessantes do corpo e do espírito; exercício ativo e violento mesmo nas horas de recreio, lição dobrada a estudar na ocasião do repouso, e sobretudo, orações, penitências e mortificações durante a noite”.

O livro é uma crítica ao celibato religioso que deforma o homem. A educação dos seminários que embrutecia os jovens ao contrário de os formar jovens sociais e ao autoritarismo familiar.

“A educação claustral é triste em si e em suas conseqüências: o regime monacal, que se observa nos seminários é mais próprio para ao ursos do que homens sociais. Dir-se-ia que o devotismo austero, a que vivem sujeitos os educando, abafa e comprime com suas asas lôbregas e geladas naquelas almas tenras todas as manifestações espontâneas do espírito, todos os vôos da imaginação, todas as expansões afetuosas do coração.
O rapaz que sai de um seminário depois de ter estado ali alguns anos, faz na sociedade a figura de um idiota. Desazado, tolhido e desconfiado, por mais inteligente e instruído que seja, não sabe dizer duas palavras com acerto e discrição, e muito menos com graça e afabilidade. E se acaso o moço é tímido e acanhado por natureza, acontece muitas vezes ficar perdido para sempre.”

Enfim, um livro espetacular!


Recomendadíssimo, boa leitura!

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